por Clementine Tangerina, em 07.07.06

"Entre um passo e outro :
-Não te queres sentar aqui ?
-Mas porque é que tem que ser aqui, e não ali?
-...olha porque eu quero que seja aqui...
-...então mas eu quero que seja ali...
-em que é que ficamos?
- ...aliiiii!
-...aquiiiii...
-Aiiiiiii que isto hoje está difícil...
-Difícil? Não sei porquê!
-Ai não sabes?
-Não estou a ver!
-Basta olhares em frente e veres!
-Ver o quê? Não há nada de mais!
-Aiii achas que é normal ver estas conchas todas aqui refasteladas ao sol?
-Não é normal, mas coitadas das pobres, também tem direito a um dia de bronze.
-Bronze...qual bronze homem...vê se acordas, elas estão é a fugir da agua que desde há uns dias para cá parece que lhe derramaram um tonelada de pacotes de sal grosso em cima..
-Uma tonelada não digo, mas um pacote talvez...mas...isso passa, com os dias a agua volta ao seu estado natural.
-Volta, pois volta, para ti tudo volta, não é?
-Ah pois volta...não tenho qualquer dúvida...se tu voltaste, então a agua também volta ao seu estado natural."
Clementine Tangerina
"Uma manhã quente…
A areia fresca nos pés arrefece-me…
O mar rebenta lá ao longe
Persistente…
E sobre esta imensidão a Vida aparece-me
Sem reservas pede que me entregue
E por entre encontros e perdas o tempo segue
E eu duvido…
Porque o mar tem remoinhos que o coração desconhece…
São caprichos a que nem sempre a razão obedece.
Para onde me queres levar?
Para que mar?
Que navios nos vão transportar?
Se naufragarmos e nos afogarmos?
É difícil sermos imortais quando somos humanos.
Eu quero ver-te a vir lá de longe
… Onde o mar rebenta.
Trazendo palavras, beijos e certezas.
Deixa o teu braço contornar a minha cintura
Deixa que a tua boca jure sobre a minha
E não me digas quando chegar a altura
Deixa que leve só uma nuvem e uma conchinha."
Mariazinha