por Clementine Tangerina, em 10.06.09

Conheceram-se quando estudaram juntos, uns anos depois ela mudou de cidade e a relação que tinham passou a ser vivida através de cartas e de telefonemas.
300 e muitos quilómetros era o que os separava, mas dia para dia era cada vez mais difícil se manterem afastados. Ele surpreendia-a muitas vezes e apanhava o primeiro comboio da manhã e ia espera-la à porta de casa antes de ela ir para a faculdade. Durante dois dias conseguiam esquecer que viviam vidas separadas.
Durante dois anos viveram uma vida dividida entre Coimbra e Braga, foram muitas as lágrimas nos momentos de partida, foram muitas as viagens feitas com vontade de acabar de vez com aquela separação. Mas não havia muito a fazer, foram obrigados a esse afastamento e tinham que saber viver da melhor maneira.
Ele confiava nela cegamente, acreditava que ela era realmente uma pedra precioso e tudo o fazia crer que era a pessoa para viver o "sempre" com ele. Mas de um momento para o outro percebeu que talvez não fosse bem assim, recebeu um telefonema anónimo a dizer-lhe que ela andava a sair com um homem casado, com quem mantinha uma relação já alguns meses. Foi a gota de agua, num momento estava tudo bem e no momento a seguir o chão tinha desabado. Gritou, chorou, rasgou todas as cartas que ela lhe tinha escrito, deitou fora todos os cd's e fotografias que tinham juntos. Ela implorou, jurou que não tinha sido nada importante, mas para ele todo aquela história fez com que ele perdesse o de mais importante havia entre eles, a confiança.
Durante dois longos anos, ele pensou nela e na história que tinham vivido, das loucuras que tinham feito juntos e das viagens que fez para estar com ela. Ele continuava amigo da irmã dela que insistia para que ele a esquecesse, que a história deles há muito tinha terminado. Mas no fundo, ele ainda vi-a alguma esperança, mesmo depois de ela o ter magoado tanto.
Durante dois anos, não conheceu ninguém, viveu para si e para o seu amor platónico. Durante dois anos, recusou sair com amigas dos seus amigos porque não se sentia capaz de voltar a amar, acreditando mesmo que um dia iria voltar para ela.
Dois anos se passaram, e a noticia chegou através da irmã dela. Caiu que nem uma bomba, mais uma vez ele perdeu o chão, voltou a gritar, a não crer que seria possível desiludir-se mais com ela...mas enganou-se e desta vez era mesmo definitivo, tinha que a esquecer. Afinal a relação com o tal homem casado, tinha dado frutos, uma gravidez indesejada.
Ela continuava a viver a sua vida, e mesmo quando se deslocava à cidade dele recusava ligar-lhe, sabia que seria pior para ambos, mas com a noticia da gravidez ela precisou dele.
Estaria ele disponível para ela ?