(...) Depois do vinho, das peonias e das sms's não haviam dúvidas para ela que aquilo só podia ser de alguém que a conhecia muito bem. Tomou coragem e pegou no telemóvel para ligar ao número de telefone que lhe tinha andado a enviar as ditas sms's. Chamou, chamou nada, ninguém atendia. Começou a ficar furiosa, com toda aquela situação. Tinha que fazer alguma coisa, não podia passar daquele dia. Insistiu novamente, mas sem ter esperança que atendessem. - Olá Rita curiosa.... - Estou a falar com quem ? - Calma Ritinha, calma! - Olhe calma estou eu, quero é resolver de vez toda esta situação! - Oh Rita diga lá que não está a gostar ? Você até gosta de mistérios e de desafios...este foi apenas mais um! - De onde é que me conhece para achar que me conhece assim tão bem? - Se lhe revelasse iria estar a estragar o encanto desta conversa. - Olhe não tenho muita paciência para estes joguinhos, ou me diz quem fala ou então serei obrigada a desligar. - Tenha calma Rita, calma!
Entretanto a campainha de Rita tocou, foi até à porta enquanto falava ao telefone com o desconhecido. Abriu a porta e percebeu que não estava lá ninguém, apenas uma caixa quadrada. Puxou a caixa para casa e continuo ao telefone. - Então recebeu uma encomenda ? - Como é que sabe ? - Que falta de imaginação....faça um esforço e pense... - Olhe não vou abrir, vou deixa-la onde estava e se quiser vir buscar venha. - Não é preciso reagir assim, a resposta a todas as suas perguntas está dentro da caixa. - É preciso ter lata, realmente! - Não estou a perceber...lata porquê? Estou a ajuda-la a descobrir o tal mistério que julga existir e que não existe!
E a chamada caiu, o desconhecido desligou deixando Rita a pensar no que haveria de fazer. Ou abria a caixa e descobria todo o mistério, ou então podia também optar por ignorar tudo e arriscava-se a que os telefonemas continuassem e as entregas de presentes também. Pensou, pensou e decidiu que iria abrir a caixa. Pousou-a no chão da sala e colocou-a entre as pernas. Foi buscar uma tesoura e começou a cortar a fita-cola. De lá de dentro sobressaia um tecido cor de rosa que não dava para perceber à primeira o que seria. Retirou tudo da caixa e percebeu que era um casaco, precisamente aquele que tinha há muito desejado comprar, mas que nunca o tinha feito por achar demasiado caro. Dentro de uma sacola de cetim branco vinham um vestido preto e uns sapatos a condizer. Procurou ainda dentro da caixa se existia algum bilhete, algo que pudesse identificar quem lhe tinha oferecido o casaco. Não era tarefa fácil adivinhar quem seria, pois durante meses, passou pela loja com diversos amigos e podia ser qualquer um. Fazia questão de lá passar para saber se ainda existia algum para mais tarde comprar. A dúvida permaneceu, na caixa não existia nenhum bilhete, nenhum sinal. (...)