Nem sempre aquilo que procuramos está em frente aos nossos olhos. A procura pelo melhor local onde pousar arraiais com a trouxa do pic nic pode ser demorada. Mesmo que aparentemente o local escolhido esteja totalmente vazio, sem vizinhos para incomodar o sossego de domingo, para a reunião familiar. Há locais que por muito tranquilos que sejam, por muito que tenham boas condições para nos abrigarmos, (caso uma tempestade decida aparecer sem ser convidada ) não nos inspiram confiança e não nos deixa escolher aquele como porto de abrigo. Sem motivo aparente decidimos que aquele não é mesmo o local perfeito para conviver e para estar. Vamos procurando, entre uma e outra árvore, entre um e outro arbusto, entre uma duna e outra e o domingo vai passando, e o sol vai fugindo e nós sem conseguirmos encontrar o "tal" local. Acabamos por escolher, já fartos de procurar, um arbusto seco e velho onde estendemos a toalha aos quadrados azul. Todos torcem o nariz com a escolha feita, todos revelam um certo arrependimento por não ter sido escolhida "aquela" duna que ficava entre um vale de dunas, onde todos ficavam abrigados do vento e onde os miúdos podiam brincar sem incomodarem ninguém com os papagaios de papel. Mas a escolha estava feita, e a toalha estava posta com todos os manjares que tinham sido preparados. Depois de tanta procura, e de tanto arrependimento era chegada a hora de saborear o doce da dona Bia, e o queijo da serra do senhor Zé, o chouriço do tio Luís, que por breves momentos nos fez esquecer o sitio onde estávamos, e nós deixou imaginar que estávamos realmente felizes por estar ali mesmo não sendo o local perfeito. De regresso a casa, passando pelas árvores, arbustos e dunas rejeitadas os olhares eram de arrependimento e o que mais se ouvia da boca de todos era "...é pena não termos conseguido ver para além daquele arbusto...".