Porto* Palacio de Cristal * 20 Maio 05 Todos os que estão à minha volta e que habitualmente vem ler-me já devem estar farto das minhas escritas.
Ultimamente tem sido uma escrita depre, sem graça, sem esperança e com muitos silêncios pelo meio.
O inicio deste ano não foi fácil, tem sido complicado superar certas coisas e apagar outras.
E o problema é sempre o mesmo (felizmente) o
trabalho, o maldito do
trabalho, que não deixa em paz o meu pobre cerebro. Não me deixa criar raízes, manter colegas, fazer amizades, fazer projectos para o futuro, acreditar que posso seguir em frente e subir mais alto.
Por vezes tenho mesmo vontade de desistir e ir
trabalhar para uma grande superfície e ser operadora de caixa (não tenho nada contra essas pessoas), mas sei que não seria feliz. Gosto do meu espaço, de ter tempo para criar aquilo que gosto e estar sempre ligada a imagem.
Entretanto já apaguei mil e uma linhas, porque não quero continuar a lamentar-me e a cansar todos os que estão à minha volta.
Sinto que o meu corpo está dividido ao meio, um onde está o
trabalho, que se encontra encostado às boxes, que não reage, não fala, não sorri. E o outro lado, onde está o coração, a família, os amigos, que felizmente me faz sorrir e me faz não ter medo de arriscar. Os dois lados vivem em dois mundos à parte, não se combinam, um vive num dia e o outro em outro. Vivem em horas diferentes, enquanto um vive o outro dorme, à noite é a luta de poderes entre eles, para ver quais dos dois vence. Esta noite foi o
trabalho, que não me deixou dormir, fez-me levantar 3 vezes sem motivo aparente. De manhã o outro lado acordou e disse-me que tinha que reagir e sorrir. Só passado duas horas é que consegui aceitar os conselhos dele, mas sem sorriso à vista.
As desilusões tem sido muitas, a vontade de comemorar o meu aniversário é quase nulo, não tenho vontade de organizar nada, de falar com ninguém, não tenho forças para responder a perguntas quando se trata de
trabalho.
Não consigo escrever mais, por achar que se o fizer, irei bem mais fundo na minha tristeza.